sábado, 27 de setembro de 2008

Crítica Musical O CHORUME: Dig Out Your Soul, novo álbum do Oasis


Como uma onda, Oasis tomou de assalto a cena musical pós-Nirvana, emplacando hits e influenciando bandas. Após o auge e com a idade, pareceu perder sua identidade juvenil "sex, drugs and rock 'n roll". Com Don't Believe The Truth (2005), Noel Gallagher finalmente viu seus companheiros criarem canções de bom nível, em especial seu irmão, Liam. Pareciam finalmente ter encontrado um novo caminho.

E é isto que o álbum Dig Out Your Soul, 7º disco de estúdio, veio para demonstrar. Se não é a simplicidade raivosa de rapazes da classe trabalhadora, é, definitivamente, um conjunto maduro que tem como foco a música e suas fronteiras criativas. Não, Noel não parou de roubar riffs, trechos de melodias e idéias de outras bandas. Mas agora, soa diferente. De Jim Morrison a Marilyn Manson, passando pelos Beatles (é claro), tem de tudo neste CD.

Não, não é um Definetly Maybe ou um (What's the Story) Morning Glory? não. Mas, com certeza, é a produção da banda que tem mais o que dizer há muito tempo. Uma das maiores bandas de rock desde os anos 80 em sua maturidade e consolidação musical. Um quarentão bem resolvido, que não vai dominar o mundo, mas sabe o que quer.

Nota do álbum: 8,5

Dig Out Your Soul faixa-a-faixa (clique no nome da música para ouvi-la via youtube)

1- Bag It Up - Abre o álbum chutando a porta. Marcada pela bateria forte, lembra muito o espírito dos primeiros discos, porém, mais psicodélica e pesada. Beatles na fase "psychodelia" com distorção e um baterista de Hard Rock dos anos 80. (Nota 9)

2- The Turning - Acid Jazz de baixo e piano no começo, beirando o Lounge soft eletrônico. Daí vem o refrão estourando a caixa de som com um riff estranho e forte e uma melodia marcante. (Nota 9)

3- Waiting For The Rapture - Five to One, do The Doors, inegavelmente ali. Muda-se um pouco a melodia, fica-se apaixonado e questionador durante uma trip e pronto! Um bluesman doidão ouvindo Jim Morrison e tocando com Jack White (White Stripes). (Nota 7,5)

4- The Shock of The Lightning - Como se gritar "estou de volta, porra!" em uma música? Com muita distorção e bateria "espancando", uma letra inspirada e louca em uma melodia diferente, mas grudenta. Oasis mostrando que ainda sabe como se faz um "primeiro single" digno da banda. (Nota 8)

5- I'm Outta Time - Quem diria, a música mais melódica foi feita pelo Liam! Receita simples: melodia e letra bem casadas com uma batida pop rock, como titio Lennon ensinou. Aliás, o cérebro dos Beatles não tá só na entrevista que aparece no fim da música. Melhor canção composta pelo vocalista até hoje. (Nota 9)

6- (Get Of Your) High Horse Lady - Dois acordes, um clima meio velho-oeste, meio woodstock. Pegue uma melodia de blues, encaixe em Come Togheter (Beatles) e toque com o Velvet Underground. (Nota 7)

7- Falling Down - Quase eletrônico, mesmo usando elementos de puro Rock. Batida irresistível e melodia que se encaixa perfeitamente na voz do guitarrista, mais suave que a de seu irmão. Qualquer semelhança com "Tomorrow Never Knows", dos Beatles, que é "mãe" da música eletrônica, não será coincidência. (Nota 8)

8- To Be Where There's Life - Nesta música hipnótica, o baixo manda, com muito Groove! Ainda tem uma cítara rolando, clima George Harrison com Motown. Mas tem algo estranho...Ih, cadê as guitarras??? E não é que ficou legal? Bola dentro do guitarrista Gem Archer. (Nota 8,5)

9- Ain't Got Nothing - Liam compondo como Liam. Refrão simples, uma outra estrofe, repete-se tudo algumas vezes e pronto! O ar punk desta é, supostamente, resposta a uma acusação de agressão que caiu sob Liam em seus últimos suspiros de rebeldia. Agora, ele tá mais velho, maduro, pai de família...(Nota 6)

10- The Nature of Reality - Essa, do baixista Andy Bell, é uma verdadeira mistureba. Seu começo lembra Helter Skelter, dos Beatles. Mas logo o clima dark e um hard rock bruto aparecem, lembrando Marilyn Manson. A guitarra ataca de forma diferente, mas bem interessante, cheia de efeitos. Melodicamente está conectada ao espírito psicodélico do álbum. (Nota 7,5)

11- Soldier On - Outra que mostra a evolução de Liam Gallagher como compositor. Tem John Lennon sim. Mas sua levada puxa algo dos bluesmen ou R'n B, acompanhados por uma percussão marcial bem marcada, num loop hipnótico. Seu espírito é perfeito para fechar o álbum. "Soldier On" (agüenta firme, siga em frente), repetindo a expressão como um mantra até o fim, tal qual um épico do Velvet Underground. (Nota 7,5)

"Se gostar, compre. Se não gostar, não compre. É assim", diria o vocalista Liam Gallagher. E é isso: um álbum que não é para esvaziar prateleiras, mas encher ouvidos.

OBS: Como parte da interessante estratégia de lançamento do álbum (sai dia 06/10, mas já vazou), um grupo de artistas de rua de Nova York teve acesso a três faixas do novo álbum e pode executar suas versões para estas músicas espalhados pela cidade. Iniciativa sensacional!

(Get of your) High Horse Lady - Next Tribe

The Turning (Michael Shurman - grupo com Brasileiros tocando!)

Bag It Up - Dagmar

2 comentários:

Alexandre Vasconcellos disse...

Para registrar:

Essas notas foram do Alexandre crítico...

Como fã alucinado da banda, daria 10 pro Álbum e pra maioria das músicas!!!

Muito melhor do que eu esperava!

Carlos Henrique Pereira disse...

Cara, gostei da sua conclusão: "um álbum que não é para esvaziar prateleiras, mas encher ouvidos."

Crítica muito boa e com notas em que se viu que você tentou conter sua condição de fã! Vi o link lá no Oasisnews.

Se puder entrar, também escrevi um texto sobre o dig out your soul, mas nada tão profissional quanto o seu! Abraço, Carlos

http://momentoempauta.blogspot.com