quarta-feira, 30 de julho de 2008

O CHORUME - MÚSICA

Por Raphael Dias Nunes

Aí vão algumas resenhas de discos já lançados, mas que merecem destaque na coluna:


SINAL ABERTO – PAULINHO DA VIOLA E TOQUINHO (AO VIVO - 1999)


O disco duplo foi gravado na apresentação de gala feita no Canecão, nos dias 14 e 15 de setembro de 1999. Paulinho da Viola e Toquinho, em shows magníficos, fizeram uma parceria digna de dar orgulho ao povo e música brasileira. Em uma sincronização perfeita, os acordes tocados com a já conhecida classe magistral de Toquinho, parecem completar a suavidade e elegância da bela voz de Paulinho.
No show, clássicos de ambos os compositores como "Nada de Novo", "Dama de Espadas", "Dança da Solidão" e "O Caderno/ Aquarela". O destaque fica para uma lindíssima apresentação solo feita por Toquinho, onde ele harmoniza três canções, "Se ela Perguntar/ Caminho de Roças/ Gente Humilde" que são literalmente "cantadas" pelas cordas de seu violão. O violonista paulista ainda toca "Tarde em Itapuã" e "Regra Três". Já Paulinho, leva a emoção ao público em "Sinal Fechado" e a empolgação geral em "Timoneiro” e “Argumento".
Um trabalho divino só poderia ser o resultado de uma brilhante parceria entre dois gênios.

Faixas:
CD1
01 - Nada de Novo
02 - Que Maravilha
03 - Na Canola
04 - Desencontro
05 - Corcovado
06 - Dama de Espadas
07 - Duvide-o-dó
08 - Minha Profissão
09 - Onde a Dor não tem Razão
10 - Coração Merudente
11 - Tua Amarim

CD2
01 - Caso Encerrado
02 - Cantando
03 - Ame
04 - Se Ela Perguntar
05 - Desafinado
06 - Dança da Solidão
07 - O Caderno
08 - Lamento
09 - Sinal Fechado
10 - Tarde em Itapoã
11 - Regra Três
12 - Turbilhão
13 - Caso Encerrado


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THE DOORS – STRANGE DAYS (1967)


Remotos tempos de 1967, a banda The Doors do ainda então promissor Jim Morrison lança o seu segundo disco no mesmo ano. Em "Strange Days", o trabalho foi feito com capricho. Músicas com melodias desde amorosas até em tom de protesto, ficariam marcadas eternamente entre os melhores sucessos da banda.
O disco une a atmosfera misteriosa e questionadora - característica da banda - com uma outra amorosamente gostosa. As letras, hora suaves, hora ácidas, mas sempre geniais, vêm muitas vezes acompanhadas de versos poéticos, arte costante em grande maioria das líricas do grupo. E a poesia torna-se literal na faixa "Horse Latitudes", que é recitada sob um efeito estremecedor e agoniante do teclado. O som, que não é uma música, está longe de ser agradável, entretanto pode-se perceber que a intenção deles era de fato, causar mal-estar. A faixa é imediatamente emendada com "Moonlight Drive", que é a mais pura poesia amorosa de Morrison, dada as metáforas como "Vamos nadar até a lua/ Vamos escalar a maré/ Penetrar na noite que/ A cidade dorme para esconder..." é de arrepiar. As paixões da juventude e a tônica da mulher como centro das inspirações segue nas canções "You're Lost Little Girl", "I Can't See Your Face in My Mind", "Unhappy Girl" e "My Eyes Have Seen You". Já o mistério, as críticas abstratas e o protesto ficam por conta de "Strange Days" e "People Are Strange", que mostram a visão de mundo de uma banda revolucionária para a época. E finalmente, a coisa esquenta de vez em "When The Music's Over", uma das melhores músicas do grupo. Conhecida por sua polêmica, a faixa é também a mais longa do álbum. Nela, Morrison extravaza toda a sua rebeldia em forma de arte e choca com o teor de suas histerias. "Father - I want to kill you - Mather?.... - I want to...- Huuu yeahh..." neste fragmento digno de Édipo, dá pra se ter uma noção até onde eles poderiam chegar. Se até hoje eles conseguem impressionar e chocar, imagine em 1967...

Faixas:
01 - Strange Days
02 - You're Lost Little Girl
03 - Love Me Two Times
04 - Unhappy Girl
05 - Horse Latitudes
06 - Moonlight Drive
07 - People Are Strange
08 - My Eyes Have Seen You
09 - I Can't See Your Face in My Mind
10 - When the Music's Over

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MOMBOJÓ - NADADENOVO (2004)


Uma banda nova, um primeiro disco, um som completamente diferente de tudo que se já viu. Foi com essa originalidade e audácia que o grupo pernambucano Mombojó apareceu no cenário musical. Misturando uma infinidade de ritmos, que vão desde o Samba/ Bossa, passando pelo Soul/ Rap e indo até as raízes do Rock/ Manguebit. A misturada parece ser meio maluca, mas agrada de primeira. O jovem conjunto, composto por voz, violão/ guitarra, baixo, bateria/ pandeiro, teclado e flauta conseguiu produzir músicas de extrema qualidade, variando climas de alegria (Deixe-se Acreditar), reflexão (Baú/ Cabidela), religiosidade (A Missa), amor (Nem Parece/ Merda) e até psicodelia (Estático/ Absorva). O resultado final do trabalho foi esse lindo disco, capaz de emocionar "à primeira vista".
A maturidade presente nas letras impressiona ainda mais ao se saber que os integrantes da banda, no ano do lançamento, tinham idades que iam de 17 a 21 anos. Nada mal para um começo de carreira destes jovens e promissores músicos. Mas infelizmente, o segundo disco da banda "Homem Espuma" (2006) frustrou boa parte de seus fãs e tornou-se exageradamente mal dosado nas características misturas de ritmos. O álbum deixou muito a desejar, e boa parte dessa decepção se deve à grande expectativa gerada no lançamento em 2006, visto que o sucesso de "Nadadenovo" foi estrondoso. A partir daí, a banda desandou, passou por momentos de crise (inclusive em alguns shows) e para piorar, ainda uma forte baixa com o falecimento de seu flautista.
O que resta agora, é aguardar seus próximos trabalhos. Talento, os jovens pernambucanos já mostraram que têm de sobra. Até demais, ao ponto de sair do compasso.

Faixas:
01 - Cabidela
02 - Deixe-se Acreditar
03 - Nem Parece
04 - Discurso Burocratico
05 - A Missa
06 - Absorva
07 - O céu, o Sol e o Mar
08 - Adelaide09 - Duas Cores
10 - Estático
11 - Merda
12 - Splash Shine
13 - Faaca
14 - Baú
15 - Container


quarta-feira, 23 de julho de 2008

O CHORUME - MÚSICA

Por Raphael Dias Nunes

DISCOS - LANÇAMENTOS

Danç-Êh-Sá - Tom Zé

A Gratuidade da Onomatopéia Experimental Ambulante


Em um disco de apenas oito faixas, o cantor e compositor baiano Tom Zé mantém o seu padrão, que é o não-padrão. A inovação e o caráter experimental faz sempre que cada lançamento seu seja uma surpresa, algo que ainda foi experimentado em nossa audição musical.

Em "Danç-êh-sá", a coisa não podia ser diferente. Desta vez, o que se pode perceber de imediato é a ausência de letras em suas músicas. Isso não significa que as mesmas não possuem vozes. As canções são feitas por diversas onomatopéias, gemidos e recitações feitas por Tom Zé e os demais músicos de sua banda. Usando instrumentos que algumas vezes chegam a ser difíceis de reconhecer, a voz é o instrumento mais utilizado e explorado neste CD. Em todos os momentos, existem sons e grunhidos vindos das gargantas humanas, feitos nos mais diversificados tons, frequências e timbres. Tudo isso torna a música descontraída e muitas vezes engraçada. Em muitos "fade-outs" o som abre espaço para as já conhecidas "blafemações" de Tom Zé.

O destaque fica para as faixas "Atchim", que é cômica por musicar todos os efeitos sonoros de um espirro, onde Tom ainda cita "O carnaval é enquanto os Deuses descansam/ Acordam os Deuses/ Começa o diabo da vida".
Já em "Taka-tá", em mais um "fade" da percussão, pode-se ouvir uma espécie de endo-marketing que Tom faz de si próprio, usando as críticas feitas a ele a seu favor: "Esse Tom Zé é um vagabundo/É um desordeiro/ Não vale nada/ Ele acaba dizendo que o povo é inteligente/ Esse Tom Zé vai perverter a sociedade/ O que será do mundo se a classe média começar a pensar?/ O primeiro mundo não quer isso/ Acabe essa música dele!"... É genial.
A sonoridade criativamente esquizita segue em todas as demais músicas, como em "Cara-Cuá", mais uma recitação de caráter de protesto: "Tudo dominado/ Com a publicidade e tudo mais".
No mais, muitos instrumentos inovadores são utilizados, principalmente os de sopro.

A polêmica, a identificação com os jovens e a rebeldia sob forma de protesto voltam a ser a tônica deste curioso disco, que ainda possui mais uma grande e principal inovação: Pode ser baixado gratuitamente pelo site da gravadora. Tom Zé, ao contrário de muitos artistas que insistem na teimosia de declarar guerra com a divulgação geometricamente progressiva de álbuns em formato digital na rede, resolveu abrir o download gratuito para qualquer internauta. Basta acessar o site de sua gravadora Trama e cadastrar-se.

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quarta-feira, 9 de julho de 2008

O CHORUME - CINEMA

Por Raphael Dias Nunes

Cachaça Cinema Clube - Porque Cinema é a Nossa Cachaça

O evento, que ocorre mensalmente - sempre às quartas-feiras - no Cine Odeon, traz ao público uma fina seleção de curta metragens. Iniciando sempre às 20h30m, o espectador paga apenas R$10,00 (meia R$5,00) e tem à sua disposição além dos curtas, uma degustação de cachaça e pista de dança. Com essa proposta, o Cachaça Cinema Clube, criado em 2002 por 4 curta metragistas, vem sempre lotando os 600 lugares da sala do Odeon e termina sempre a 1h da matina.


Nesta quarta (09/07/2008), as atrações serão as seguintes:

- A Voz da Felicidade, de Nelson Nadotti (1987): 10'
- O Incrível Sr. Blois, de Nuno César Abreu (1984): 12'
- A Estória de Clara Crocodilo, de Cristina Santeiro (1981): 10'
- Meow, de Marcos Magalhães (1984): 8'
- O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, de de Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986): 14'

Depois dessa, é só sentar e apreciar o cinema e, logo após, a cachacinha também!


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Cinema Crítica
O Escafandro e a Borboleta
"Le Scaphandre et le Papillon", França, 2007, 112 min
Drama. Direção: Julian Schnabel. Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner e Max von Sydow.


A 8 de Dezembro de 1995, um acidente vascular brutal mergulhou Jean-Dominique Bauby, jornalista e pai de duas crianças, num coma profundo. Ao acordar, todas as suas funções motoras estão deterioradas. Sofrendo do que a Medicina denomina locked-in syndrome , não consegue mexer-se, falar, nem sequer respirar sem assistência. Neste corpo inerte, apenas um olho mexe. E esse olho passa a ser a sua ligação com o mundo, com os outros, com a vida. Pisca-o uma vez para dizer "sim" e duas para dizer "não". Com o olho, indica as letras do alfabeto, formando palavras, frases, páginas inteiras... Com o olho, escreve este livro "O escafandro e a borboleta", cujas frases memorizou todas as manhãs, durante semanas, antes de as ditar.

Vencedor do prêmio de melhor diretor no Festival de Berlim de 2007, este comovente filme mostra a tristeza e a beleza de se viver em condições drásticas e ainda sim, repassar sua mensagem e visão de mundo. O longa, apesar de muito triste e profundo, consegue ainda ter momentos de bom humor. Vale mais que o ingresso. É uma nobre lição de vida.


O filme encontra-se em cartaz nos seguintes cinemas: Espaço de Cinema 1, Estação Vivo Gávea, Odeon, Ponto Cine, Espaço Rio Design 2 e Estação Barra Point.


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quarta-feira, 2 de julho de 2008

O CHORUME - MÚSICA

Por Raphael Dias Nunes

O MISTÉRIO SEM FIM

A lenda que gira em torno da sincronização entre o filme " O Mágico de Oz" e o disco "The Dark Side of The Moon"


O assunto é pra lá de batido. Alguns acreditam numa verdadeira sincronização genial feita pelo Pink Floyd, outros já são mais céticos e afirmam ser mera coincidência. Mas o fato é que o a brincadeira funciona e impressiona. Basta cortar o som original do filme "O Mágico de Oz" e, assim que o leão da MGM dar o seu terceiro e último rugido, apertar play no disco "Dark Side os The Moon", do Pink Floyd. A partir daí, uma nova trilha sonora alternativa é dada ao filme, feito em 1939. O disco, que é considerado por muitos a grande obra-prima da banda inglesa de rock progressivo, foi gravado em 1973, bem depois do lançamento do filme.
As coincidências entre as duas obras - filme e disco - começam já pela capa do CD: O prisma óptico que recebe uma faixa luminosa branca em seu lado esquerdo, que é convertida em um feixe colorido no lado direito, pode ser comparado com a natureza revolucionária do filme, o primeiro a usar a tecnologia Technicolor. É possível se fazer uma analogia com o momento em que o filme sai do preto e branco para o colorido. Com o filme já em execução, são diversos os momentos em que existe total sincronia do som com as imagens. Já no início, com a apresentação dos créditos, o som tranquilo de "Breathe in The Air". Na entrada de "Time", o clima tenso do filme combina com a introdução da música. Há ainda outros bons momentos, como em "Us and Them" e em "Brain Damage". Mas o grande momento mesmo se dá em toda a brilhante faixa "The Great Gig in The Sky" e, logo em seguida, em "Money". A cena do tornado é agonizante assim como os grito estridente feminino dado na música, os momentos de desespero parecem acompanhar cada suspiro da cantora. É uma harmonia perfeita durante toda a faixa, que é de deixar de cabelos em pé. Em sequência, a menina Dorothy abre a porta da casa, entrando no mundo de Oz e tornando o filme colorido, ao som do barulho dos caixas e do clássico solo de baixo, na introdução de "Money". O trecho pode ser conferido em http://www.youtube.com/watch?v=uNbv0L1x0iA .
A polêmica em torno dessa brincadeira é grande. Muitos acreditam que é loucura, coisa de doidão. Outros dizem que isso foi feito prositalmente na mais absoluta das certezas, mesmo com o fato sendo negado com veemência pelos próprios músicos do Pink Floyd. A questão fica por conta do espectador. A única certeza é a diversão garantida ao ver essa curiosa mixagem.


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INDICAÇÃO CHORUME


Groundation - Young Tree

Para quem gosta de reggae de qualidade, o álbum "Young Tree" é um prato cheio. Aliás, a qualidade da banda é de impressionar. Seja tanto na diversidade das influências para se construir um reggae que não perde suas raízes, quanto na qualidade dos músicos e dos instrumentos utilizados. Adeptos a Jah, o grupo americano de reggae espiritual citam seu Deus diversas vezes e mantém a excelência do som originado na Jamaica, no grupo The Waillers. Não é à toa que eles são considerados a melhor banda de reggae da atualidade. Muitos ainda acham que dentro do gênero musical, eles ficam atrás apenas do rei Bob Marley.
O disco, o primeiro dos seis de toda a banda, foi produzido em 1999 e conta com músicas extraordinárias. O sopro e o clima dançante/ alegre pode ser conferido na maioria de suas faixas, com a exceção de "Dream", uma faixa completamente diferente do todo o álbum, e por isso, uma das melhores, senão a melhor. Com um piano clássico misturado a uma batida de guitarra típica de reggae, a percussão é delicadamente caprichada neste som. Os solos de piano são lindos e deles, pode-se perceber a influência que o jazz tem sobre a banda. Nas demais faixas, o destaque fica para "Long Long Ago", "Glory To The Kings", "Confusing Situation" e "Craven Fe' Death", onde se pode distinguir o clima de relaxamento/ suavidade provocado pela percussão e o sopro, sem deixar de ter momentos alegres e empolgantes na mesma música. Um capricho. Nas duas últimas faixas, a banda arrisca um Dub, em "Groundation Chant" e em "Groundation Dub", mostrando que o eco característico do Dub também viria a influenciar o grupo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O CHORUME - MÚSICA

Por Raphael Dias Nunes

SHOWS

João Gilberto - Nova York

Apresentando-se no Carnegie Hall, João Gilberto, aos 77 anos, fez uma memorável homenagem aos 50 anos da Bossa Nova. O baiano foi um dos principais inventores do ritmo que tornou conhecida a música brasileira por todo o mundo. Dentre as 25 canções que foram tocadas no espetáculo, destaque para os clássicos "Chega de Saudade", "Samba de uma nota só", "O pato", "Desafinado", "Lígia", "Brigas Nunca Mais". Depois de deixar o palco sob intensos aplausos e dar 5 minutos de intervalo, o músico voltou para encerrar o show histórico com chave de ouro nos acordes de "Garota de Ipanema". O show teve importância histórica para a música brasileira e seu respectivo prestígio no exterior. A Bossa Nova, ritmo que possui em sua natureza a leveza e a paixão, há 50 anos atrás vinha sendo inventada por Tom e Vinícius. João reinventou-a com sua genialidade musical e forma única de tocar violão e cantar. Vida longa à Bossa!

Cantor virá ao Rio no dia 24 de agosto
João Gilberto voltará a se apresentar no Brasil nos dias 14 e 15 de agosto, Teatro Ibirapuera (São Paulo); no dia 24 de agosto, será a vez do Rio de Janeiro recebê-lo no Teatro Municipal; por fim, ele voltará a sua terra natal no dia 5 de setembro, no Teatro Castro Alves. Em novembro, o cantor baiano viajará para o Japão, onde fará mais três apresentações.


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EVENTOS


Conversa Afiada - Terça em Movimento
A arte e suas mais variadas formas de se expressar estão em evidência neste evento semanal do botequim Conversa Fiada. As Terças em Movimento acontecem, obviamente, todas as terças-feiras, no espaço "Conversa Afinada", da franquia de Ipanema (Rua Vinícius de Moraes, 75). Na programação, curta-metragens, monólogos, recitações de poesias - onde qualquer um pode participar -, shows musicais, esquetes de teatro e música na pista com DJ's.
Ontem, os poetas e atores presentes fizeram a diversão do público com boas apresentações por partes de uns e outras ficando um pouco a desejar. Entretanto, os momentos de maior animação ficarm por conta das duas bandas que se apresentaram. A primeira delas, a Dirus Bambas Shows, levou ao público o som da Bossa Nova e da MPB, numa curta apresentação, que teve direito a pedido de bis da platéia.
No repertório da curta apresentação, além das músicas consagradas "Chega de Saudade", "Go Back" e "Odara", a cantora apresentou ao público a leveza melódica de "Flores Brancas", música de sua autoria que pode ser ouvida em (www.myspace.com/dirusshows). A banda foi formada por uma percussão leve (pandeiro, bongô e cajón) e baixo. No violão, a experiência e a voz grave de Mariô fecha em completa harmonia o dueto vocal com a cantora Dirus. Sua belíssima voz ainda vem acompanhada dos lindos solos de sua sempre presente gaita cromática, levando o público ao delírio.


Aos amantes da música, teatro, cinema e poesia, vale muito a presença. A entrada sai por R$5,00.



INDICAÇÃO CHORUME

Funk Como Le Gusta - Roda de Funk

A mistura predomina no álbum. O que não o torna ruim, pelo contrário. Com composições novas e antigas, sempre em versões alternativas no caso das regravações, a "big-band paulioca" arrasa. As influências são as mais diversas: A batida do funk na percussão, a magia do soul em algumas canções mais lentas, o acelerado do rap em alguns versos, o swing do samba-rock na batida da guitarra e até o jazz no sopro do saxofone. Com diversas "jam sessions", ou seja, músicas meramente instrumentais, a banda mostra o que eles são capazes de fazer na base do improviso. Isso pode ser ouvido, por exemplo, em "Zambação". Entre os sucessos, estão "Olhos Coloridos", "Dezesseis Toneladas" e "Fourty Days" (em duas versões). A animação e o ritmo dançante completam este bom trabalho do grupo, que resultou no melhor disco feito por eles até hoje.

sábado, 21 de junho de 2008

O CHORUME - CINEMA

Por Raphael Dias Nunes


CINEMA CRÍTICA:
ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO
Dirigido por Sidney Lumet. Com: Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney e Marisa Tomei.


Preceitos em Cheque
Dois irmãos planejam um roubo a uma joalheria. Entretanto, a loja pertence à família dos irmãos. O assalto dá errado, tudo dá errado. Este é o cenário do Drama muito bem montado por Sidney Lumet. No longa, a ação dos personagens coloca em cheque valores morais e preceitos sociais. E abre espaço também, para discussões sobre relações familiares conturbadas.

A história, que gira toda em torno do roubo, é seguida por um roteiro não-linear: Sem uma ordem cronológica exata, com idas e vindas em relação aos dias que antecederam e procederam a data do assalto. Com isso, algumas cenas chegam a se repetir, fazendo com que haja compreensão geral do fato, sob diversas perspectivas. Este recurso torna a história mais intrigante, pois ao longo do desenrolar da trama, toda ação (mesmo que banal) tem uma lógica, tudo se encaixa. As atuações brilhantes de Philip Seymour Hoffman (como Andy Hanson, o irmão mais velho) e Ethan Hawke (como Hank Hanson, o irmão mais novo), dão o capricho final a este filme polêmico, dramático e muito bem-feito.

Apesar do ato do assalto ser a referência para todos os demais acontecimentos do filme, a questão principal fica por conta das relações familiares. O que leva a crer, antes de qualquer julgamento primário, que o roubo foi apenas o estopim de uma crise trágica já anunciada. O que de fato, motivou os dois irmãos a conspirarem contra a própria família? Achar que seria fácil e seguro? A decisão deles não fora motivada somente pelo drama pessoal que cada um deles atravessava. O medo do fracasso profissional/ financeiro/social e o conseqüente desespero resultante, tiveram clara influência. Mas não foi apenas isto. Entram em jogo também, questões traumáticas de relações conturbadas entre pai e filho, e até entre os próprios irmãos. O filme mostra, em uma de suas mais importantes cenas, o sentimento de revolta contra o pai, guardado pelo filho primogênito, por se sentir renegado em sua infância. Mostra a semelhança gritante entre o pai e o filho, por mais que eles estivessem ressentidos um com o outro. Nada disso é mostrado ao acaso. Tudo se fundamenta, se encaixa. Existe uma lógica (ir)racional dentro de todo esse contexto. E a soma de todos esses elementos configura um desfecho semelhante a uma tragédia grega.

E que tipo de reação teria a família, ao descobrir que os responsáveis pela tragédia foram seus próprios membros? O que o caberia ao chefe de família? Quais os limites para uma total ruptura de núcleo familiar? E onde que pode estar o erro de um pai em toda essa história? Até onde são os limites da vergonha de expor um fato que revoltaria toda uma sociedade? Deve-se liberar a eutanásia?

Essas e outras possíveis questões serão o ponto de debate para o espectador que deixar a sala, após este bom e polêmico filme.


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Lançamentos, Shows e Indicação CHORUME

Por Raphael Dias Nunes

DISCOS

Coldplay - Viva la Vida or Death and All His Friends

O quarto disco da banda inglesa tem como marca registrada a mistura de ritmos e a continuidade de um trabalho que vem sendo bem-sucedido: Fazer músicas boas, que surtem algum tipo de reação no ouvinte. As críticas principais giraram em torno da falta de inovação da banda. O que seria uma grande inovação, segundo tais críticos? A banda segue um estilo, já consagrado e o mantém em algumas faixas de seu novo disco. Não, realmente não existe nenhuma mudança radical de gênero e de estilo, mas dizer que não existem novidades seria uma verdadeira mentira. Ousadia não pode ser confundida com inovação.
A misturada já começa na segunda faixa, em "Cemiteries Of London", que além de se perceber uma grande influência da banda irlandesa U2, a levada folk pode ser assimilada nas cordas do violão. A banda deixa a bateria de lado em "Lost!" e inaugura uma percussão movida à palmas e batidas frenéticas no bongô, com o som característico do órgão no fundo. Essa música promete levantar o público nos shows de uma possível futura turnê (na esperança de que eles retornem ao Brasil também). Aliás, a mesma faixa pode ser conferida também em uma versão acústica, com o característico solo de piano de Chris Martin. "Lovers in Japan" também aparece duas vezes no álbum, sendo a segunda em versão acústica (violão solo). As melhores faixas ficam justamente com as que mais inovam e mais conservaram: "Yes" possui uma levada difícil de definir, podendo ser confundida até com o ritmo country, acompanhada de um violino acelerado no refrão, onde se tem uma sonoridade árabe. "A excelente "42", segue a já conhecida atmosfera fria e reflexiva da banda, com uma mudança repentina para o ritmo dançante, do meio para o final da música.
Ao todo, as 16 faixas valem serem conferidas, uma a uma, mais de uma vez. O som do Coldplay nem sempre é o mais simpático à primeira vista. Mas, depois de adaptado às nossas percepções e sensibilidades, é capaz até de inspirar o ouvinte. É uma sonoridade bonita. É Belo.



SHOWS

O destaque da semana fica com a última apresentação de "Obra em Progresso", no espaço Vivo Rio. Caetano Veloso, em sua quinta e última apresentação, junto com o trio da Banda Cê, contará com a participação de Moreno Veloso e Davi Moraes, além dos sempre presentes Jorge Mautner & Nelson Jacobina, fixos sempre nos bis. O projeto tornou-se conhecido e interessante por ser chamado de "temporada-laboratório" para o lançamento de futuros projetos discográficos. Caetano, com sua famosa irreverência, cantou em uma de suas interpretações "Três Travestis" (Zezé Motta, 1982) em um de seus shows anteriores, fazendo uma irônica analogia ao vexame de Ronaldo, quando ainda fervilhava nas manchetes da época. Além disso, Caetano formata o seu futuro disco, anunciado como "Transasamba". Quem ainda quer ver o grande compositor baiano deve correr ao Vivo Rio ainda hoje, às 21h30m. Depois de Caetano, o projeto segue com suas atrações, sempre às quartas-feiras.


INDICAÇÃO CHORUME

Gotan Project - La Revancha del Tango

Nossos hermanos estão fazendo bonito também. A banda, uma verdadeira orquestra, mostra o que pode ser feito (e como!) com o ritmo mais conhecido dos argentinos. O tango se apresenta de uma forma remixada, com levadas a eletrônicas, resultando em um trabalho belo, muy bello! O álbum "La Revancha del Tango", de 2001, é espetacular. Um verdadeiro colírio para os ouvidos. Além de se poder diferenciar claramente o som de cada instrumento na gravação do disco, o ritmo dramático e ao mesmo tempo dançante predomina na obra. Uma obra-prima, que leva em uma de suas principais faixas, a música tema do longa "Dança Comigo?" ("Shall We Dance", 2004, de Peter Chelsom), está neste disco. "Santa Maria (del Bueno Ayre) é a linda canção que leva a lindíssima Jennifer Lopez fazer a bela cena de dança junto do galã Richard Gere. Ainda falando em cinema, o disco reverencia o diretor Bernardo Bertolucci, com uma versão nova para a música-tema de seu filme "Last Tango in Paris" (1973), onde a faixa leva o mesmo nome do filme. A banda não deixa ainda de tocar em temas sociais em "Queremos Paz" e "El Capitalismo Foraneo". Em suma, o disco é uma obra-prima, valendo indicação para todo e qualquer amante de uma boa música de qualidade.


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Em breve, a coluna irá trazer mais atrações de música, para os violeiros que curtem cifras e tablaturas!